Bom, gostaria de falar um pouco
sobre esta série e o que achei de suas três temporadas e do episódio final
(digamos assim), que se passa na sétima temporada de Arquivo X.
Na série, conhecemos Frank Black,
ex-agente do FBI, perito em traçar perfis de assassinos seriais (em especial,
os homicidas com tendências sexuais) que, em razão de um “colapso” causado por
seu “dom”, resolve se aposentar do FBI. Black tem a capacidade de entrar dentro
da mente do assassino e ver todos os passos do mesmo, o que lhe ajuda a
desvendar os assassinatos. Ele se muda para Seattle e passa a prestar
consultoria para o departamento de polícia local como membro de um enigmático
grupo de pessoas chamado “Millennium”, formado, como ele, por ex-agentes do
FBI, CIA, NSA entre outros. Junto com ele, se mudam sua filha Jordan e esposa
Catherine, cujo relacionamento pretendem fortalecer com a proximidade na nova
casa sonhada por ambos.
Para continuar com os relatos um
pouco mais aprofundados pelas temporadas, terei que colocar alguns SPOILERS
durante o texto. Então, para quem ainda não assistiu e tem interesse em manter
mistério sobre o que acontece, sugiro não ler a partir de agora:
1ª Temporada – esta é uma temporada
bastante, digamos assim, “tranquila”. Nela, Frank Black trata exclusivamente de
assassinatos em série, como consultor para o Grupo Millennium, ajudando a
polícia de Seattle e outros departamentos, baseado em chamados feitos pelo
grupo, que lhe enviam ao local do crime como consultor para investigar. A série
tem momentos “gráficos” nessa temporada, mostrando alguns corpos, mas nada que
perturbe muito a consciência do espectador. O interessante acontece mais para o
final da temporada, perto do episódio 19 ou 20. É neste ponto que começamos a
entender um pouco do grupo Millennium e os casos começam a tomar um rumo mais
“sobrenatural”. Dou destaque aqui para o episódio das meninas loiras de olhos
azuis, todas clones, que por algum motivo, não tiveram uma conclusão nessa
temporada. No final deste episódio, todas conseguem escapar. Acredito que haja
um desfecho nos primeiros episódios da 3ª temporada, mas irei comentá-los mais
adiante. Além deste episódio enigmático, temo o último episódio da temporada,
onde vemos uma pessoa influenciando assassinatos e que, no final, rapta a
esposa de Frank, deixando em aberto o que aconteceu com o término da temporada
no momento deste rapto...
2ª temporada – para mim, a melhor
temporada da série que, como irei mostrar mais adiante, pelo menos é o que
acredito, dá um fechamento digno a série. Já no primeiro episódio, vemos Frank
Black atrás do sequestrador de sua esposa. Aqui, a surpresa é o ator que dá
vida a este sequestrador na série. Ele é Doug Hutchison, o Eugene Tooms da
série arquivo X. E a partir deste episódio eu comecei a notar um pequeno erro
na cronologia, mas irei citar nas considerações finais. Além dele, o ator Chris
Owens, que interpretou o Agente Jeffrey Spender, filho do Canceroso em Arquivo
X também faz uma participação no episódio Monster da 2ª temporada, como outro
personagem. No final, Black mata o raptor de sua esposa e começa a questionar
seu envolvimento com o Grupo Millennium, ao mesmo tempo que começa um desgaste
no relacionamento com sua família. Depois deste episódio, a temporada começa a
tomar uma nova direção: Frank Black tenta desvendar os reais motivos do grupo
Millennium, assim como os casos em que trabalha começam a se tornar mais sobrenaturais.
Ele começa a ver demônios em suas visões (isso já acontecia no final da 1ª
temporada), os casos começam a ter um teor mais religioso e é introduzido de
vez o sobrenatural no roteiro. Aqui, parece nitidamente que a série queria
explorar um aspecto não muito explorado em Arquivo X (o criador das séries é o
mesmo, Chris Carter), a religiosidade. E é baseado nisso que Frank tenta
descobrir os segredos do grupo Millennium, os quais descobre perto do final da
temporada. Basicamente, o grupo quer preservar a raça humana do apocalipse
profetizado na bíblia, não interessando quantos morram no trajeto deste
objetivo, desde que a raça humana, no caso o “bem maior”, fosse atingido. E é
assim que chegamos ao último episódio desta temporada (o texto ficaria muito
grande se listasse tudo que acontece durante a série; recomendo assistir a
série, em especial esta temporada). Frank descobre juntamente com seu amigo
Peter Watts (que foi quem convidou Frank a entrar no grupo), uma ameaça
referente a um vírus que foi combinado com uma proteína, que seria capaz de
exterminar a raça humana. A grupo tem uma vacina, mas somente inócua seus
integrantes, pois não tem capacidade nem tempo de desenvolver em massa ela para
as outras pessoas. No final do último episódio, vemos Frank e sua família se
isolarem em uma cabana nas montanhas, que ele recebeu de herança. Eles escutam
o rádio e a praga está se espalhando rapidamente, matando todas as pessoas
expostas. Ele conseguiu uma dose da vacina a qual utiliza em sua filha. Frank e
Jordan, sua filha, estão imunizados da praga, enquanto sua esposa Catherine,
durante a noite, começa a sentir os efeitos da praga e vai para a floresta
morrer longe de seus entes queridos. A temporada termina com Frank, de cabelos
totalmente esbranquiçados, abraçado em sua filha Jordan, tentando assimilar a
morte de sua esposa e pensando que poderiam ser alguns dos poucos sobreviventes
da raça humana, a passar pela crise do milênio. Para mim, a série fecharia de
forma esplêndida nesta temporada e não precisava de mais nada. Porém...
3ª temporada – já começa
mostrando Frank Black de novo no FBI e dizendo que o surto (que na segunda
temporada mostrou-se quase sem controle, pelos relatos no rádio) somente matou
“70” pessoas. Frank não quer mais nem saber do grupo Millennium, a quem acusa
de ser responsável pelo surto (essa é uma das coisas que não entendi, visto que
eles queriam preservar a raça humana, por qual motivo iriam ser responsáveis
pelo vírus?!?!?!?). Ele encontra uma agente do FBI a qual se “engraça” e passa
a ajuda-la nos casos. E neste instante a série “degringola”. Parece que tudo
que aconteceu antes foi esquecido, como se o passado não tivesse interesse ou
se os roteiristas tratassem o espectador como idiota. Nos primeiros dois
episódios vemos novamente as “loiras” da primeira temporada. Mas parece que
Frank não se lembra mais daquilo, pois não faz nenhuma conexão com o que
aconteceu no passado. Os clones têm a mesma aparência das loiras da 1ª
temporada, tem quase o mesmo “padrão” de reprodução, mas nenhuma ligação é
feita. Pode ser que eu esteja imaginando, mas as semelhanças são muitas. Então
continuamos em episódios sem muitas revelações. Até o KISS faz uma aparição
para divulgar sua turnê “Psycho Circus” em um dos episódios, até que chegamos
ao episódio 6 da temporada. Nele, estão construindo uma estrada e o engenheiro
da obra encontra um esqueleto na base do asfalto. Frank e seus novos amigos do
FBI vão investigar quando aparece Peter Watts na cena do crime, dando
consultoria pelo grupo Millennium. Frank descobre o interesse do grupo: um de
seus integrantes, uma médica forense, Dra. Cheryl Andrews, pode ser uma das
ossadas descobertas. E é, outra vez, um erro cronológico da série. Esta mesma
Dra., na segunda temporada, é descoberta como uma traidora do grupo e presa em
um dos episódios. Como neste episódio ela está vagando livremente. Inclusive,
mostra que ela foi pega em um voo para Alemanha onde iria apresentar uma tese
que defendia. Novamente, os roteiristas deviam achar que o público é imbecil e
não lembra das coisas que aconteceram anteriormente.
Prosseguindo, a partir do
episódio que irei falar, comecei a escrever após assistir os mesmos, de maior
relevância para o plot da história. O episódio 12 da 3ª temporada começa
mostrando uma moça dirigindo, quando ela decide colocar um K7 no rádio do
carro. Ruído branco começa a propagar dos alto-falantes e a garota começa a
alucinar. Esta alucinação causa sua morte. O mesmo K7 vai parar nas mãos de
Frank Black que começa a investigar. Neste episódio, vemos uma tentativa
frustrada de tentar consertar o que estragaram nesta temporada. O detetive de
Seattle, amigo de Black, conta a agente do FBI sobre o surto e como Frank foi
com a família até sua cabana nas montanhas para se salvar do fluxo. Podemos
jogar na imaginação de Frank, mas as imagens que vemos dele, no passado, com
sua esposa Catherine não fazem sentido com o final da 2ª temporada. No final,
como já relatei, Frank está com o cabelo totalmente branco. Nas alucinações
deste episódio ele não está com o cabelo branco. O vírus, que ganha um nome no
episódio 11, e que tenta colocar a culpa no grupo Millennium por sua fabricação
(para mim não colou), tem um efeito parecido com o Ebola, ou seja, ela faz a
pessoa sangrar até morrer, “liquefazendo” os órgãos e fazendo com que a pessoa
verta sangue pelos poros e outros orifícios. Quando vemos Frank segurando a
esposa peto de sua morte, não vemos nada disso. A esposa não tem quase nada de
sangue nela, o que é contraditório quando vemos ela se afastando da cabana no
final da 2ª temporada. Pode ser que tenha sido apenas alucinação, e que ele
nunca tenha feito isso, porém pelos relatos do detetive, parece que foi
exatamente o que aconteceu. No meu entender, foi uma tentativa da produção do
seriado para tentar consertar seus erros. Não deve ter sido somente eu que
notei todas estas incongruências, e uma chuva de cartas e e-mails de fãs deve
ter feito a mesma coisa. Após este episódio, o que se segue, basicamente, é o
seguinte: vemos o grupo Millennium tentando e conseguindo recrutar a agente do
FBI, Emma Hollis, alguns outros episódios onde vemos nitidamente a presença de
demônios, e um aumento da importância de Jordan na trama; até que chegamos ao
último episódio da série, de número 22, e eis o que acontece, em suma. Na
realidade, este é um episódio duplo, que começa no anterior, mas onde todo o
foco do enredo da série se desenrola neste. Aqui vemos que a agente Hollis será
promovida no FBI e que este era o motivo do assédio do grupo Millennium nela.
Também vemos um outro braço do grupo, interessado em pesquisa genética e
neurológica, para preparar os escolhidos para o tão temido Armagedon. Porém,
como mostra o caso investigado neste episódio, o estudo neurológico tem suas
consequências. Outra coisa interessante neste episódio é que sabemos (mas não
tenho certeza se era este o propósito desde o início para ele) o que o Grupo
pretende com Frank Black, mesmo que vagamente. No final, vemos ele e sua filha
(depois dele ter lido os relatórios sobre os dois do grupo Millennium) fugindo
de carro, deixando tudo para trás. Ainda não assisti ao episódio do Arquivo X
que dizem que fecha a série, porém segue aqui algumas dúvidas que fiquei,
depois destas três temporadas: Lucy Butller a.k.a. o demônio. O que ela queria
com Frank e Jordan? Será que ela queria recrutar eles para o Armagedon? Se sim,
por que ele não ficou do lado do Grupo Millennium que era exatamente o oposto?
Essa é uma pergunta crucial e não foi respondida na série. Aliás, nada em
termos religiosos fico bem claro e definido. Qual era o interesse real do grupo
em Frank e sua filha? Por que motivo Frank ficou com tanto medo e fugiu
deixando tudo para trás? Por quê Peter Watts foi retirado do grupo? Na segunda
temporada, mostra nitidamente que ele é um dos “chefes” do grupo Millenium.
Enfim, irei assistir ao episódio de Arquivo X e deixar as últimas impressões.
Arquivo X – temporada 7, episódio
4, Millennium – a história começa com o funeral de um ex-agente do FBI que se
suicidou. Vemos um homem ressuscitando e a desenrolar dos acontecimentos leva
ao encontro dos agentes Mulder e Scully com Frank Black. Entre outras coisas
que não encaixam, temos um relato de Skinner sobre o grupo Millennium, o modus
operandi do grupo para o Armagedon (eles criaram 4 “cavaleiros do Apocalipse”,
transformando em zumbis quatro ex-agentes do FBI que se suicidaram). Um último
discípulo de um grupo antiquíssimo e cheios de recursos, trabalhando solo, para
criar o apocalipse. As únicas coisas que se salvam é Chris Carter tentar dar um
desfecho a sua série (mesmo que raso e simplório) as pequenas aparições de
Frank e Jordan Black, o episódio se passar na virada do ano 99 para 2000 e os
zumbis. Infelizmente, tudo que foi construído na série Millennium acabou sendo
perdido.
E aqui seguem minhas impressões:
a série, até a segunda temporada, não foi feita para ter continuidade. Era para
ter acabado ali e nunca ter um crossover com Arquivo X. Por quê? Por que dois
personagens de Arquivo X aparecem na segunda temporada como outros caracteres.
Além disso, um grupo como o Millennium iria passar despercebido pelo Agente
Mulder, cujo objetivo de seus Arquivos X vinham de encontro com os objetivos do
grupo Millennium? E Frank Black e os agentes Mulder e Scully nunca iriam se
encontrar na agência do FBI pela similaridade de seus casos?
Enfim, uma ótima série, que teve
uma 3ª temporada tapa buraco, um último episódio que deixa a desejar pelo
legado da série e diversas perguntassem respostas. Infelizmente, pela
irregularidade da terceira temporada, a falta de nexo entre os eventos da 2ª e
a 3ª levaram a série a não ter a audiência que merecia e, infelizmente, o seu
fim precoce e sem as resoluções desejadas por seus fãs.
É uma pena, por que as ideias que
assisti nas duas primeiras temporadas eram excelentes; um grande, digamos
assim, “spin off” de Arquivo X que tratava de temas abordados por Mulder e
Scully, mas sem a mesma profundidade que as abduções e temática UFO. A
religiosidade, Deus e o demônio foram muito bem exploradas em Millennium, mas
não tiveram o fim merecido.
Se quiser assistir, recomendo terminarem na segunda temporada e considerarem aquele final como o definitivo da série. O restante é para encher linguiça...